terça-feira, 18 de setembro de 2012

Análise do filme 2001 - Uma odisséia no espaço (2001, Space Odissey) parte 2



Continuando a análise...

Depois que Dave é transportado através do wormhole para um destino descohecido, possivelmente um laboratório, os aspectos clínicos do set em quesão certamente sugerem tal coisa, a vida de Dave é acelerada em um verdadeiro fast forward.

Podemos ver Dave observando ele mesmo em terceira pessoa várias vezes, então nós mudamos para o outro Dave e seguimos ele.  Este dispositivo é uma "geniosa" maneira que Kubrick elegantemente usou como técnica de montagem (isto para um filme dos anos 60), progredindo simultaneamente com o tempo sem recorrer aos óbvios fades, enquanto aprofunda a artificialidade do ambiente com uma manipulação deliberada do tempo.  

Com o objetivo de entender o que nos trouxe a este ponto é necessário considerar o sempre presente monolito.  Ele chegou no amanhecer do homem, estimulando o próximo passo na evolução humana, o homem começa a usar um pedaço de osso como uma ferramenta e depois como uma arma, e rapidamente o balanço do poder pende a seu favor, mesmo entre as suas espécies.

O momento mais famoso do osso sendo lançado no ar e este salto cortando para a nave espacial está fazendo um paralelo entre as duas ferramentas, o osso e a nave espacial, e isto ilustra o momento derradeiro da evolução onde o homem começa a usar ferramentas, dispositivos, do rudimentar osso como cacetete para a sofisticada espaçonave a reluzir no espaço sem som, apenas com a trilha sonora de Johan Strauss.  É importante manter isto em mente enquanto progredimos através do filme, e das cenas finais.

O ambiente em que Dave chega é muito sugestivo, não podemos ter muita certeza do que exatamente é mas parece ser algum tipo de laboratório, ou mais parecido como uma área de espera onde está sendo preparado para ir a um outro estágio.  A aparente calma que ele transparece, onde inicialmente ele parece  compreensivelmente ansioso, e depois curiosamente consciente do que está acontecendo é suportado pelo ambiente luxuoso e esterilizado que o cerca.

Nos minutos finais, enquanto está de roupa de astronauta e a camera gira em volta da porta nós vemos mais uma vez Dave na terceira pessoa, esta terceira pessoa surrealisticamente é o próprio Dave, onde podemos ver o próximo passo de seu rápido envelhecimento.  Kubrick continua fazendo uma representação contínua e corrente da vida de Dave sem utilizar crossfades ou aparente lapsos de tempo até ser lançado para sua morte corporal.  Este genial uso da camera e edição, evitando o uso de transições padrões leva os eventos para fora da normalidade ou é claro para fora da progressão natural, emprestando-lhe um ar de estranheza que não requer palavras para explicar seu significado, embora tenha deixa muita gente boiando.  Este momento reforça a sensação de que este processo não é natural.  É bem alienígena, pelo menos na esfera da experiência humana. Enquanto Dave olha para seu próprio passado observando sómente para encontrar nada, nós movemos para dentro desta perspectiva e a progressão continua.  Dave, apesar da sua passiva aceitação da situação parece pelo menos em parte ciente do processo que estamos vendo.  Seja lá quem estivesso fornecendo este espaço para ele, isto no filme não parece ter relevância, parece estar preocupado com o seu bem estar ao longo do tempo, ele se apresenta bem fisicamente, com conforto, boa comida e um grande luxo.  Estilisticamente há um grande conflito entre o velho e o novo.  O mobiliário antigo e as artes se confrontam com a iluminação dura e a sensação clínica do confinamento em que Dave está inserido.  


Uma coisa interessante a considerar é por que isso esta a acontecer, qual é a razão para isto acontecer agora.  O ponto no qual os alienígenas interagem com os seres humanos novamente coincide com o ponto em que a inteligência artificial, sob a forma de HAL, chegou.  HAL é a ferramenta que se torna uma ameaça para a humanidade, é a sofisticação aproximando-se e refletindo, possivelmente, realizar plenamento as capacidades emocionais e imaturidade dos seres humanos, tornande-se sofisticado para o ponto em que ele se torna mais quase humano do que os criadores sem emoção.  Este é o ponto em que recorre ao assassinato e se torna defensivo e paranóico em grande parte em respeito a sua existência e também ao medo de sua morte.  Tudo muito ligado as emoções humanas, em contraste ao estoicismo da tripulação quase robótica em face das circunstâncias extremas que estavam passando (aliás se você notar em cenas anteriores, o mesmo individualismo, frieza, solidão são destacados algumas vezes).  Esta capacidade de criar um ser sensível pode muito bem ser a razão para a necessidade dos alienígenas aparecerem e para o progresso da humanidade para além de seu atual estágio evolutivo.  

Com a jornada de Dave se aproximando do seu final, começamos a vê-lo observando a fase final da vida como a conhecemos: a morte.  Mais uma vez a transição é sem cortes enquanto nos movemos para os momentos derradeiros da sua existência humana, uma existência que deve terminar para abrir caminho para o próximo passo da evolução.  Um monolito reaparece de novo na hora da iminente morte de Dave, e quando ele morre, a StarChild nasce, como umser transcendente que existe literalmente e em todos os sentidos acima da humanidade.  O monolito então leva Dave de volta à Terra. E o ciclo de sua viagem bem como o arco de ciclos do filme é concluída como vemos desde o início, onde uma nova fase da humanidade se inicia.  

O processo pelo qual Dave passou é a sequência de evolução, embora por meios naturais.  Seu tempo de vida acelerado é uma viagem para passar para a próxima fase da existência humana.   A força motriz dos altos importantes na evolução para quase como Deus, mas é fisicamente tangém de uma forma que idéias teísticas não são.  O monolito como força motriz dos mais importantes momentos na evolução humana soa quase como um Deus, mas é fisicamente tangível de uma forma que nenhuma idéia teística concebe ou aceita.  O elemento alienígena usa a tecnologia que parece mágica, mas está apenas à frente de nossa compreensão, e assim diretor recria a temática do osso para o corte da nave espacial.  Mais uma vez a cena se move como na diferença entre as ferramentas e se destaca do monolito como uma forma avançada.  A StarChild volta à Terra e tem um certo aspecto divino para ele, como um ser etéreo que reside acima da Terra, o filme evoca nosso temor do desconhecido, quase fazendo deste novo ser uma divindade do que é simplesmente uma forma de vida avançada, de fato: uma progressão de nós mesmos! 

A escolha de uma imagem de uma criança é perfeito, uma vez que representa uma nova etapa, um novo começo, o filme para aí e não entra na questão de explicar que revolução é esta, não um final ou uma chegada no auge da existência, ela sugere uma progressão humilde e uma jornada contínua, a nova etapa que está apenas começando.

Referência: http://www.youtube.com/watch?v=lj-OlW83b6U

sábado, 15 de setembro de 2012

Análise sobre o filme 2001, uma odisséia no espaço (2001, Space Odissey) de Stanley Kubrick



Como amante do tema ficção científica, desenvolvo aqui uma das muitas interpretações que o filme já teve, por ter sido um filme feito de forma genial por um gênio que não quis fazer um filme que fosse de fácil entendimento, pelo contrário, corajosamente deixou aberto à vários questionamentos, fazendo que fosse até odiado por muita gente que não conseguiu entendê-lo e execrou esta obra prima, como tudo aquilo que o ser humano repele apenas por falta de compreensão.

2001, uma odisséia no espaço é um ícone do cinema e dos filmes de ficção científica, e deve ser um dos filmes mais comentados até hoje pelos mistérios que a forma como o filme foi feito deixando várias interpretações sobre as sequencias mitológicas, verdadeiras metáforas para os quais deixaram muita gente sem entender o filme, ou pelo os enigmáticos minutos finais do filme.

O filme inicia bem, a cena clássica inicial é reverenciada por todos, mas ao longo do filme, toda metafísica, técnicas de câmera, sutis detalhes põem a prova até o mais atento espectador e dá um nó na cabeça dos menos preparados nos 10 ou 15 minutos finais.

Por este motivo, resolvi transcrever aqui uma das interpretações que mais parece verossímil, na minha opinião, e que eleva ainda mais a qualidade e importância desta obra para além dos confins da ficção científica.

Vale lembrar que há uma certa discrepância entre a história do livro e a visão que Kubrick quis dar no filme.  Kubrick não seguiu o livro integralmente, ele tinha suas próprias idéias para o roteiro, de novo na minha opinião até melhores do que o autor original.  Mesmo o clássico livro de Arthur C Clarke ter servido de inspiração, ele não seguiu o livro como uma bíblia, e sim criou vertentes, extrapolando a ideia original.

Não vou entrar em detalhes do filme, para ter o mínimo de entendimento desta análise é necessário que tenha visto o filme, que se lembre bem do filme, caso contrário, veja o filme ou dê uma olhada pelo menos nos 15 minutos finais do filme.

A viagem pelo wormhole (buraco de minhoca) leva nosso protagonista a um particularmente ambíguo ambiente, adornado com uma luxuosa mobília, mas mantendo um ambiente frio, clinico demais, que nos causa um, estranhamento, uma incompreensão.  Nesta parte, em resumo, Dave corre através de sua vida, em um fast forward, até que ele morre e renasce na forma de uma Criança, de um feto, que poderemos chamar de StarChild.

Então o que está acontecendo? Pelas imagens parece que existe mais de um filme rodando em circulos tentando confundir o significado do o que está acontecendo nesta jornada de 2 horas e pouco. Na verdade, temos que levar em consideração que estamos falando de um filme de Kubrick, um gênio que através de não usuais movimentos de Câmera, conseguiu dar um nó na cabeça dos mais incautos.

Mas saberemos mais no próximo post......


sábado, 8 de setembro de 2012

Musica rock no cinema - parte 12 - Elvis Presley no cinema.


ELVIS PRESLEY

Ele não era um grande músico nem tinha grandes aspirações musicais, mas
era o cara certo no momento certo com a equipe certa e o empresário certo.
Ele tinha a voz negra e o rosto branco que as gravadoras estavam
procurando, sabia muito bem escolher o seu repertório e seu empresário, o
"Coronel" Tom Parker, sabia exatamente qual rumo dar à sua carreira.  E o
cinema fazia parte de sua estratégia.  Em 1956 Elvis estrelou seu primeiro
de uma sucessão de filmes onde ele sempre interpretava o mesmo papel. Eram
de 2 a 3 filmes por ano para atender a demanda dos fãs que enlouqueciam ao
ver o rei na tela, mas a fórmula era sempre a mesma e assim os filmes
acabavam ficando cansativos. Mesmo assim, alguns merecem ser vistos como O
prisioneiro do rock (Jailhouse Rock, 1957), talvez o seu melhor filme;
Balada sangrenta (King Creole, 1958), dirigido por Michael Curtiz, o mesmo
de Casablanca (1942); Feitiço havaiano (Blue Hawaii, 1961) e Amor a toda
velocidade (Viva Las Vegas, 1964). Este último é considerado por muitos
críticos a melhor interpretação de sua carreira.

sábado, 1 de setembro de 2012

Musica rock no cinema - parte 11 - Led Zeppelin no cinema



The Song remains the same - Rock é rock mesmo - 1975

Um show -documentário sobre uma das maiores bandas de rock and
roll que já existiram: Led Zeppelin. Na minha opinião, o Led Zeppelin foi
para os anos 70 o que os Beatles foram pros 60.  Eles não eram
simplesmente uma banda de Heavy Metal, ou HArd Rock, pelas 8 obras primas
que lançaram desfilaram blues, progressivo, folk, soul, baladas, reggae e
toneladas de influências ouvidas até hoje. Este filme é a oportunidade de
ver
em ação os 4 musicos que mandaram na década de 70.  Seus maiores
sucessos estão lá, mas devido a diversos contratempos o resultado final
não foi de agrado deles, pois estavam longe de ser as melhores performance
deles, além da qualidade da imagem não ser das melhores.  Na época o
empresário do LEd chegou a declarar que era o vídeo caseiro mais caro da
história. Uma revista musical britânica classificou o projeto como "o
filme de rock and roll mais tolo já feito."  Apesar disso, o filme foi um
sucesso e fez muito sucesso no cinema da época e em relançamentos
posteriores, simplesmente porque era o único registro visual oficial de
uma das maiores bandas do planeta.  E pra variar, aqui no Brasil
inventaram um nome ridículo para o filme: "Rock é rock mesmo". Fala sério
né?