Há tempos sentia falta de ver um bom filme de ficção científica e Prometheus saciou parcialmente minha vontade. Visualmente o filme é impecável. Noomi Rapace, tão ignorada em Sherlock Holmes 2,
finalmente ganha espaço para mostrar o talento que possui e que foi mostrado na trilogia sueca Millenium. E Michael Fassbender é quem rouba a cena sempre que pode.
Este é o tipo de filme que merece uma demorada analisada, pois trata-se de um filme de Ridley Scott, e não de qualquer diretor que só faz filme para entretenimento. O futuro épico de ficção científica dirigido por Ridley Scott, cujo roteiro tenta explorar a origem do homem e sua relação com seres de outros planetas – evocando o controverso
livro de Erick Von Danicken, Eram os Deuses Astronautas?
As questões de Prometheus me remetem a outro clássico de Ridley, o poético Blade Runner (cult!), que também questiona os conflitos humanos entre saber por que foi criado e para onde vai depois da morte.
E cada cena do filme é importante em sua própria narrativa, como por exemplo a fixação de David - o andróide - com o filme Lawrence da Arábia.
Para quem conhece o filme (se não conhece vai ver logo pô!), sabe que o personagem era um peixe fora dágua que acaba fazendo muito mais do que era pretendido, justificando a transformação do personagem ao longo do filme.
Ele é um robô brincando de ser humano, ele até come, sem mesmo precisar, e acaba agindo como um Deus. O filme é cheio de referências ao Cristianismo: o colar com a Cruz, a primeira coisa que o capitão faz ao acordar é montar uma árvore de natal, os Engenheiros foram mortos a aproximadamente 2000 anos, mesma época da morte de Cristo, O primeiro nome de Shaw é Elizabeth como na Bíblia, quando Weyland acorda seus pés são lavados como Cristo fez, etc.... Os próprios engenheiros também fazem referencia: A tumba possui imagens muito semelhantes a do Cristianismo, o teto das salas dos Engenheiros são pintados lembrando muito a Capela Cistina, etc...
Prometeu é o titã que trouxe o fogo ao homem. Vale lembrar que nos filmes do Alien, a forma mais eficiente de matá-lo é com fogo, já que um tiro pode causar um esguicho de sangue do monstro, que é um ácido altamente corrosivo.
O líquido negro parece ter diferentes efeitos de mutação dependendo do hospedeiro. O líquido tem um poder de destruição no hospedeiro, mas depois uma nova vida emerge, o que nos leva ao comentário do personagem David: "Algumas vezes você tem que destruir para poder criar". Em todo caso, a criação é perversa, o que nos leva a velha discussão do homem ser fundamentalmente mal (o tal "pecado original"), ou seja, a criação que vem de dentro de nós é do mal. O que parece não ocorrer com o Engenheiro (Ver foto inédita acima que deverá sair na versão estendida do filme) no início do filme, que parece estar preparado espiritualmente para esta experiência, ele toma o liquido preto e ao invés de emergir uma criatura, seu corpo é destruído (vemos seu DNA ficando negro e quebrando), virando poeira, até que nós vemos seu novo DNA sendo reconstituído e iniciando a vida naquele planeta (seria o planeta Terra?).
Lembrem que Holloway foi contaminado com a gota dado por David (como é um robo o liquido não o afeta), e começou a se transformar, e como ele era do bem, pode ser que ele virassem pó também, mas pelo menos deu pra perceber que mesmo em transformação ele preferiu se sacrificar. O líquido preto também contamina os vermes do solo do planeta transformando-os em um tipo de serpente nem boa, nem mal, apenas com vontade agressiva de viver. O que o líquido na verdade é ou de onde vem, talvez só na continuação saberemos.
(esta análise continua amanhã...)
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