Uma nave parte da Terra e viaja a uma velocidade próxima à da luz, dentro desta o tempo se dilata. Se compararmos ao tempo no nosso planeta, o da nave se atrasa mais conforme a velocidade se aproxima à da luz. Quando aterrissa, passaram-se dois mil anos e a nossa civilização foi extinta, surgindo uma nova, composta de macacos.
Isso é possível?
Sim. De acordo com a Teoria da Relatividade, a velocidade da luz é constante no nosso universo. Significa que a partir de qualquer ponto que escolhermos para observar (o planeta, a nave, ou outro qualquer) a velocidade da luz será sempre a mesma.
Para explicar isso vamos usar um exemplo simples. Se você está parado em relação ao planeta e lança um objeto para a sua frente, à velocidade de dez metros por segundo, se um observador medir esta velocidade a partir de um ponto fixo, ela será realmente dez metros por segundo. Mas se você estiver se deslocando à velocidade de dez metros por segundo, e lançar o objeto à velocidade de dez metros por segundo, o observador, que permanece no mesmo ponto do exemplo anterior, verá que o objeto se deslocou à velocidade de vinte metros por segundo. Somou-se a velocidade em que você estava à velocidade que você tem capacidade de lançar o objeto.
Quando falamos de velocidades relativísticas, ou seja, velocidades próximas à da luz, o que vimos no parágrafo anterior não acontece. De um ponto no nosso planeta um observador mede a velocidade de uma nave e verifica que esta se encontra à metade da velocidade da luz. Se o ocupante da nave acender uma lanterna, obviamente a luz se propagará, afastando-se da nave, à sua velocidade normal. No entanto o observador verá que a luz, que se afasta da nave, não estará somando a própria velocidade à da nave. E não poderá viajar acima de seu próprio limite.
Como isso é possível? A resposta está na dilatação ou contração do tempo, que depende do referencial. Ou seja, o tempo sempre se modificará para que a velocidade da luz permaneça a mesma para qualquer observador. Complicado? Muito. Mas isso é um fato científico, provado. Os sistemas de GPS (Global Positioning System) que permite que nos localizemos na superfície do planeta com muita precisão, utiliza-se desta lei da física. Sem os cálculos das variações de tempo que ocorrem num satélite, nunca conseguiríamos nos localizar com precisão. É claro que um satélite não viaja em velocidades relativísticas, mas o fato de já estar mais afastado da massa do planeta interfere na passagem do tempo, e isso também faz parte desta teoria maluca.
Então como a Enterprise viaja a velocidades superiores a da luz? Isto é uma fantasia científica. Não existe base teórica para justificar as velocidades das naves estelares mostradas nas ficções científicas.
O máximo que teríamos, seriam naves viajando a velocidades de frações à da luz. Se a luz viaja a cerca de trezentos mil quilômetros por segundo, estaríamos falando de cem ou cento e cinquenta mil quilômetros por segundo. A dificuldade de se viajar a estas velocidades é que a massa de um objeto que se desloca aumenta (não pergunte) quanto mais rápido estiver. Chegando à velocidade da luz, a massa seria infinita (de novo, não pergunte). Imagine que a cada vez que sua massa aumentar, será necessário reimprimir impulso, para manter essa velocidade. Fica aí o paradoxo para digerirmos. Se tudo aumenta, aumenta também o tamanho dos propulsores, o total de combustível, mas curiosamente não o suficiente para que possamos atingir velocidades tão altas.
Dobra do Espaço-Tempo |
Temos então que, em teoria, não se pode viajar muito rápido através das estrelas. Estamos presos a isso? Espero que não. Existem hipóteses que estão quase no campo da metafísica, no qual poderíamos atravessar de um ponto a outro da galáxia ou do universo, através de um buraco de minhoca. O que seria isso?
As estrelas têm campos gravitacionais tão intensos que deformam a estrutura do espaço. O que impossibilita, por exemplo, que um foguete viaje em linha reta. A reta não existe quando falamos em grandes distâncias. O espaço sempre é curvo por causa da gravidade dos corpos celestes. Acredita-se que uma força gravitacional gigantesca poderia curvar o espaço de forma que algumas regiões da galáxia poderiam tocar em outras (como uma folha de papel que amassamos), neste momento surgiria um fenômeno teórico batizado de buraco de minhoca. Como um túnel ligando uma região à outra.
Buraco de Minhoca – Star Trek: DS9 |
Poderemos um dia utilizar estas ocorrências naturais, ou talvez fabricá-las. E assim nos deslocaríamos através de grandes distâncias sem sofrer dilatações temporais. A franquia de Stargate explora estas hipóteses, ao utilizarem os portais que produzem um buraco de minhoca instantaneamente. Também vemos buracos de minhoca (ou de verme) em 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), Perdidos no Espaço (1998), Jornada nas Estrelas: Deep Space Nine e Contato (1997).
Recentemente, foi divulgada uma notícia onde anunciava-se que neutrinos teriam ultrapassado a velocidade da luz. O que de fato aconteceu é objeto de estudos. Mas o que quer que tenha ocorrido não é motivo para criarmos conjecturas nas quais se construiriam motores estelares capazes de gerar velocidades relativísticas.
Grande Colisor de Hádrons (HLC) – CERN |
De fato, se pensarmos nos dados, veremos que pouco significam, mesmo que se confirmem as medições. E olha… Estas medições são ridiculamente pequenas… Alguém chegou sessenta bilionésimos de segundo adiantado. Dá mais prá pensar que o nosso relógio é o culpado, e não o apressadinho. Se for verdade, a nossa física atual pode se beneficiar da abertura de novos horizontes. Todos muito teóricos, é claro, algo mais para o nível da Mecânica Quântica, e que de fato traz muito pouco de prático, para o presente.
Juro que tentei ser o mais simples possível, e espero ter sido claro o suficiente…
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