quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O trabalho é um castigo, ou apenas a realização de uma obra?


Outro tema muito bem abordado no livro QUAL É A TUA OBRA? De Mario Sergio Cortella, tenta responder por que muitas vezes a idéia de trabalho é associada a castigo, fardo, provação? Pra começar, a origem da palavra “trabalho” tem origem no latim tripalium, que era um instrumento de tortura, ou seja, 3 paus entrecruzados para serem colocados no pescoço de alguém e nele produzir desconforto. É mole? Sem falar, que nessas civilizações antigas, o trabalho estava ligado à escravidão, portanto, trabalho era coisa menor, indecente, imoral ou de gente que está sendo punida.

Tivemos depois, o mundo medieval em que a relação foi senhor e servo, ou seja, não havia mais escravo, mas há o servo, que precisa trabalhar um pouco para ele e o restante para o senhor dele. Persiste o esquema de dependência. O mundo capitalista europeu substituiu o trabalho escravo na Europa pelo trabalho escravo fora da Europa. Continuamos, portanto, com a mentalitade escravocrata.

E o trabalho com relação à religião? O mundo semita trouxe a idéia de que o trabalho era um castigo, afina lde contas, qual foi o grande crime de Adão e Eva? Eles desobedeceram à divindade. A mulher recebeu yma condenação: “vais pagar com as dores do parto pelo teu erro”. E o homem recebeu outra condenação: “Vais trabalhar”.

Até na filosofia a figura do trabalho aparece de forma depreciativa, pois segundo Aristóteles o que define a humanidade de alguém é a capacidade de dedicar-se ao pensamento e não às obras manuais. Platão, um dos maiores pensadores da história, desprezava o trabalho manual.
O trabalho como castigo persiste. Tanto que a maior parte das pessoas diz: “Quando eu parar de trabalhar, eu vou fazer isso, isso e isso”. Sendo que isso é uma ilusão, porque vc pode dizer: “Quando eu não tiver dependência em relação ao trabalho, eu vou fazer isso”. Mas parar de trabalhar vc não vai nunca. Nem pode. Porque vc nunca deixará de fazer a sua obra. Seja a que vc faz para continuar existindo ou para ter seu reconhecimento.

Vejo o meu livro como minha obra, vejo um jardim como minha obra. Tenho de ver o projeto que faço côo minha obra. Do contrário, ocorre o que Marx chamou de alienação: todas as vezes que eu olho o que fiz como não sendo eu ou não me pertencendo, eu me alieno. Fico alheio. Portanto, eu não tenho reconhecimento. Esse é um dos traumas mais fortes que se tem atualmente.

Todas as vezes que aquilo que vc faz não permite q vc se reconheça, seu trab. Se torna estranho a vc. As pessoas costumam dizer “não estou me encontrando naquilo que eu faço”, porque o trab. Exige reconhecimento – conhecer de novo.

Daí que se chega a conclusão que se vc quiser um trab de qualidade de vida numa empresa, tem que se pensar em um trabalho q não seja alienado. Trabalhar cansa, mas não necessariamente precisa gerar estresse. Isso tem a ver com resultado, trabalho tem sempre a ver com resultado.
Por que um bombeiro, que não ganha muito e trabalha de uma maneira contínua em algo que a maioria de nós não gostaria de fazer, volta para casa cansado, mas de cabeça erguida? Por causa do sentido que ele vê no que faz. Por causa da obra honesta, a serviço do outro, independentemente do status desse outro, da origem social, da etnia, da escolaridade, etc..

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